Sé de Viseu
NOTA HISTÓRICO-ARTÍSTICA
A primitiva construção românica da Sé de Viseu foi mandada edificar pelo Conde D. Henrique e sagrada no ano de 1109 pelo arcebispo de Toledo. Só em meados do século seguinte tem início uma campanha de ampliação, nomeadamente de uma nova cabeceira e de um claustro, de cariz gótico, acrescentando-se só no século XVI a abóbada, o coro-alto e uma nova fachada, já de inspiração manuelina. Uma nova sagração do tempo data de 1516. A crescente importância desta catedral, aliada à presença na região de artistas de renome, justificou uma sequência de reformas ao longo do tempo que vieram alterar e sobrepor a fisionomia das primeiras fases de execução. Ao longo do século XVI e XVII, são edificadas obras de cariz renascentistas e maneiristas pela ação mecenática de D. Miguel da Silva e de bispos que lhe seguiram, destacando-se, numa primeira fase, o novo claustro da autoria de Francesco de Carmona, o conjunto pictórico executado na oficina de Vasco Fernandes e o cadeiral.
Seguiram-se reformas de âmbito decorativo na capela-mor e sacristia. O século XVIII marca novamente a implementação de reformas profundas, da responsabilidade do Cabido, ao nível estrutural, acompanhadas também pela atualização de programas decorativos de inspiração barroca. Outras obras tiveram lugar no século XIX, inserindo-se bens de estilo neoclássico, nomeadamente no retábulo do transepto e no órgão de tubos. Finalmente, são de destacar as intervenções realizadas pela DGEMN no século XX, caracterizadas pela valorização de elementos do período românico. Assim, encontramos neste templo vários estilos arquitetónicos e decorativos em simultâneo executados pelas oficinas/escola de referência de cada época.
Atualmente, o conjunto é composto pela catedral, ladeada por claustro no lado direito e o paço episcopal no oposto. A igreja é em cruz latina, composta por nártex, três naves de altura semelhante, transepto bastante desenvolvido e cabeceira escalonada composta por capela-mor profunda e dois absidíolos de planimetria poligonal. As fachadas são em cantaria de granito aparente, parcialmente rematadas por ameias decorativas, associadas às intervenções mais recentes.
Quanto aos bens em intervenção, contam-se: a) o retábulo-mor, em talha dourada, caracterizado por um eixo definido por quatro colunas salomónicas assentes em consolas e plintos paralelepipédicos. Ao centro, um nicho de volta perfeita e de boca rendilhada, contem um trono expositivo de três degraus e ornado por um resplendor, centrado pela imagem de N.ª Sr.ª de Viseu. A estrutura remata em fragmentos de frontão encimados por anjos de vulto, que seguram festões que percorrem toda a estrutura, composta por falso espaldar curvo, ornado por anjos e enrolamentos, encimada por baldaquino formado por cornija, espaldar de acantos e querubins e com lambrequins recortados. O altar é de forma paralelepipedal, encimado por sacrário embutido em estrutura de cantaria. A sua feitura está datada de 1733, segundo o desenho de Santos Pacheco e execução de Francisco Machado e douragem por José de Miranda Pereira. b) O revestimento azulejar do antigo batistério, localizado no subcoro (lado da Epístola), bem como da Capela de S. Pedro, localizada num dos absidíolos do arco triunfal (lado do Evangelho), datam de 1720, e são provenientes da oficina de Coimbra, com pintura de Manuel da Silva e colocação de José de Góis. c) O retábulo do crucificado, no claustro, constituído por estrutura arquitetónica em cantaria, composta por duas colunas jónicas, assentes em altos plintos paralelepipédicos, almofadados e crucíferos, que sustentam entablamento, pináculos laterais e espaldar trapezoidal contendo elemento heráldico. No interior, amplo nicho de volta perfeita, contendo altar paralelepipédico e a imagem de Cristo na Cruz em madeira policromada. d) O retábulo em madeira da Capela da Anunciação, também no claustro. É caracterizado pelas colunas torsas, tendo nas ilhargas a representação da “Anunciação”. A estrutura remata em atlantes, envolvido por decoração de acantos, parras, aves e pequenos querubins, dando origem a quatro painéis com a representação da “Adoração”, “Apresentação do Menino no Templo”, “Circuncisão” e “Visitação”.
Informação reproduzida e com adenda da entrada individual do SIPA – Sistema de Informação para o Património Arquitetónico [Autora: João Carvalho, 1996; Paula Figueiredo, 2000; Maria Fernandes, 2002] Catedral de Viseu / Sé de Viseu / Igreja Paroquial de Santa Maria / Igreja de Nossa Senhora da Assunção. IPA.00005790 [disponível em www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=5790 – consulta a 12/10/2022] e da entrada do sítio da Diocese de Viseu [Autor: Departamento de Bens Culturais] Catedral de Santa Maria de Viseu [disponível em www.diocesedeviseu.pt/catedral – consulta a 12/10/2022].
Projeto | Sé de Viseu |
Proteção | Monumento Nacional |
Localização | Viseu |
Ano | 2022 |
Serviço(s) | Talha, Pedra, Pintura Mural, Azulejo |
Estado | Em curso |