NOTA HISTÓRICO-ARTÍSTICA

Inicialmente um Convento fundado no século XVI no sítio onde se localizava a Ermida de N.ª Sr.ª da Conceição, terá ficado arruinado na sequência do terramoto de 1755. A sua reedificação ficou a cabo de Fr. Lourenço de Santa Maria, Bispo do Algarve. A expulsão das ordens religiosas em 1834 destina a supressão do Convento, sendo os bens remetidos à Casa da Moeda. Em 1844, uma parte do convento é vendida a um particular (onde se irá erguer o teatro Gil Vicente em 1862), sendo a outra parte cedida ao Município para sala de audiências do Tribunal Judicial. Será nesse espaço, que correspondia às antigas dependências conventuais que é construída a Escola Industrial, hoje Escola Secundária Gil Vicente. Em 1968, na sequência de um sismo, a igreja deixa de estar aberta a culto. Desde a década de 1980 que se tentar realizar a reabilitação do imóvel, bem como proceder à sua classificação. Só entre 2006-07 foram realizadas obras de consolidação e reforço estrutural, de substituição do pavimento e tratamento de vãos e gradeamentos. Posteriormente, foram realizadas obras para introdução de infraestruturas básicas para a reutilização do edifício para fins culturais (sendo atualmente utilizado pela Associação do Grupo Coral de Lagos para esse fim), bem como algumas intervenções de conservação e restauro do restante património integrado.

A Igreja possui planta longitudinal, com diversos volumes, um deles a cúpula com lanternim revestida a telha sobre a capela-mor. A torre sineira ergue-se da prumada do coro-alto. A Fachada principal possui linhas simples, com portal de cantaria, encimado por nicho concheado vazio, rematado por frontão triangular. A Igreja é de nave única, com abóbada de berço e iluminação através de diversos óculos localizados na zona superior. O arco cruzeiro possui volta inteira e é revestido a cantaria. A capela-mor encontra-se em cota mais elevada e com acesso por degraus. Possui teto em cúpula com caixotões vazados. O embasamento possui vestígios de pintura mural. Retábulo-mor, altares laterais e colaterais são em talha dourada, atualmente sem imagens e com falta de vários elementos. O retábulo-mor possui três eixos, o central é constituído por nicho profundo em volta perfeita onde está colocado um trono de três andares e nicho vazio.

Assenta sobre estrutura com balaústre onde estava inserido o sacrário. Os registos laterais possuem pano fundeiro com mísulas onde assentariam as imagens, ladeadas por duas colunas torsas e remate lateral com pilastra. Todos possuem capitéis coríntios, encimados por friso entalhado e cornija regular. O coroamento é em arco, do qual apenas resta uma arquivolta e algumas folhas de acanto. O altar é em forma de paralelepípedo e em talha dourada. Os retábulos laterais estão incompletos, mas possuem eixo único centrado por um nicho em arco de volta perfeita, ladeado por colunas torsas assentes obre soto-banco e com entablamento simples. Também terá desaparecido o baldaquino do púlpito, em talha policromada e dourada. Na sacristia existe um lambrim de azulejo em azul e branco do século XVII, e vestígios de um armário em madeira embutido na parede, com portas almofadadas.

Informação reproduzida e com adenda da entrada individual do SIPA – Sistema de Informação para o Património Arquitetónico [Autores: João Neto, 1991; Anouk Costa e Marta Celada, 1997] Igreja de Nossa Senhora do Carmo / Igreja das Freiras Carmelitas / Mosteiro de Nossa Senhora da Imaculada Conceição. IPA.00002904 [disponível em http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=2904 – consulta a 15/10/2022].