NOTA HISTÓRICO-ARTÍSTICA

O Padrão de São Lázaro, também referido como Padrão de Aljubarrota e Padrão de D. João I, localiza-se na Rua D. João I, fronteiro à Capela de São Lázaro, em Guimarães, em local onde existiu um lazareto ou gafaria. Existem diferentes versões que justificam as motivações para a sua edificação: a celebração da vitória na Batalha de Aljubarrota, ou ainda, segundo versões menos plausíveis, o sucesso bastante posterior da tomada de Ceuta, e ainda o cumprimento de uma promessa feita por D. João a Santa Maria de Guimarães. De acordo com Alfredo Guimarães no seu “Guia de Turismo”, D. João I entrou em Guimarães ainda em 1386, imediatamente após o retorno de Aljubarrota, vindo de Lamego, “sendo possível que nessa data tivesse entabulado negociações com o Mestre de pedraria João Garcia, natural de Toledo e antigo vedor das obras de El-Rei D. Fernando, para a construção do novo templo gótico, da colegiada de Guimarães, pois foi nesse ano que o célebre padrão de Aljubarrota começou a edificar-se”. Não existem registos da substituição do padrão original pelo que se observa atualmente, obra datável da primeira metade do século XVI, e possivelmente elaborada na sequência da confirmação do foral de Guimarães por D. Manuel, em 1517. Está abrigado sob uma robusta estrutura renascentista constituída por alpendre quadrangular, composto por um entablamento de estilo dórico apoiado em quatro pilares de fustes lisos, erguidos sobre uma base cujo acesso se faz por degraus. O interior está coberto por cúpula lisa e trompas de ângulo compostas por grandes vieiras. O cruzeiro é composto por um calvário sobre o qual se levanta o crucifixo, com braços oitavados e faces decoradas com motivos proto-renascentistas, sendo as terminações do braço horizontal rematadas por cogulhos vegetalistas de cariz tardo-gótico. Uma das faces da cruz ostenta a figura de Cristo sob um baldaquino, e a outra, uma Pietá (ou Nossa Senhora da Piedade). A relação entre este cruzeiro e o do Salado é reforçada pela iconografia, estando ambos os padrões inseridos em alpendres de cariz monumental, constituindo-se como marcos importantes na cidade.