NOTA HISTÓRICO-ARTÍSTICA

O Mosteiro de Celas foi fundado nos inícios do século XIII pela infanta D. Sancha, filha de D. Sancho I. O mosteiro feminino cisterciense, apesar das sucessivas alterações, mantém importantes trechos do românico-gótico nas duas galerias do claustro com decoração historiada nos capitéis, de carácter tipicamente medieval. Estes podem ser datáveis da primeira metade do século XIV, tendo servido como oferta do rei D. João III à abadessa D. Maria de Távora, e concebidos para serem aplicados noutro local; no entanto, autores há que os atribuem ao primitivo claustro de Celas com posterior reaproveitamento no século XVI. O que é certo é que representam o melhor da escultura gótica do séc. XIV, com um programa iconográfico sem paralelo em Portugal. A igreja possui planta centralizada, caso excecional nos mosteiros femininos portugueses. O corpo da igreja com abóbada polinervada (provavelmente concebido por Diogo de Castilho), tal como o portal principal, têm vindo a ser datados das primeiras décadas do século XVI, altura em que a abadessa D. Leonor de Vasconcelos empreendeu numerosas obras, no entanto, podem mesmo datar da concepção medieval do mosteiro. Salienta-se ainda o portal nobre quinhentista em dolomia, o retábulo em pedra com baixo-relevo de S. Martinho, de João de Ruão, a porta do coro para a antecâmara da sala do cabido, da autoria de Nicolau de Chanterene, os azulejos seiscentistas, os retábulos da capela-mor e o cadeiral. Já no século XX, o mosteiro foi parcialmente restaurado nas décadas de 30 e 40, tendo sido demolido o que restava do segundo piso do claustro.