NOTA HISTÓRICO-ARTÍSTICA

O cemitério do Prado do Repouso foi o primeiro cemitério público da cidade do Porto. Ali se encontram algumas figuras ilustres, como, por exemplo, Abel Salazar (médico, cientista, professor e artista plástico), Eugénio de Andrade, pseudónimo de José Fontinhas (poeta), ou o maestro Pedro Osório.

Foi inaugurado em 1839 por ordem da rainha D. Maria II, e construído no espaço da antiga Quinta do Prado do Bispo, quinta de recreio pertencente à Mitra do Porto, beneficiada pelo Bispo do Porto (1799-1814), D. António de S. José de Castro, com a plantação de árvores e abertura de uma alameda ajardinada. Paralelamente, o bispo ordenou a construção de um edifício no extremo sul da quinta para servir de Tribunal do Santo Ofício e seminário, com igreja anexa de invocação a S. Vítor. As obras suspenderam-se após a morte do bispo e as vicissitudes políticas ocorridas nas primeiras três décadas do século XIX levaram ao abandono do projeto. Com as Guerras Liberais, entre 1832 e 1833, por iniciativa do prelado D. João de Magalhães e Avelar, o local foi abandonado e os edifícios incendiados e derrubados, durante o Cerco do Porto. Da projetada Igreja de S. Vítor, restou apenas uma capela que, após beneficiação, serve hoje como capela do Cemitério do Prado do Repouso. Segundo Flórido de Vasconcelos, seria possivelmente uma das capelas do topo do transepto do lado do Evangelho da inacabada Igreja de S. Vítor.

De planta octogonal, a decoração da capela mortuária é neoclássica, com um pavimento de composição geométrica, a partir da utilização de pedra calcária de duas tonalidades, ao gosto do classicismo italiano. A decoração de estuques brancos e dourados apresenta laçarias com alfaias litúrgicas e medalhões com os apóstolos mártires e são atribuídos a Luigi Chiari, artista italiano que trabalhou no Porto na viragem do século XVIII para o século XIX. Das pinturas de Joaquim Rafael (1.ª metade do séc. XIX) na cúpula subsiste apenas a tela do medalhão central, uma Adoração das Sagradas Espécies rodeada pelos símbolos dos Evangelistas. O altar da capela encontra-se ornado de mármores coloridos e pintura de marmoreados.

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